Originada de uma igreja de madeira construída no século XIII em um cemitério sobre um banco de areia, a Oude Kerk é a mais antiga construção da cidade, consagrada em 1306.
Sua localização é uma contradição moral por estar no bairro da Luz Vermelha; no entanto ainda é um refúgio tranquilo no coração frenético do bairro.
Esta igreja de estilo gótico recompensa seus visitantes com um dos melhores carrilhões no país, o mais antigo sino de igreja da cidade (1450), e um impressionante órgão Christian Müller que ainda é usado em recitais.
Há 2500 sepulturas na Oude Kerk, onde estão enterrados 10 mil cidadãos de Amsterdã, incluindo a primeira esposa de Rembrandt, Saskia van Uylenburgh. O próprio Rembrandt visitou Oude Kerk muitas vezes, e seus filhos receberam a primeira comunhão no local.
No dia 12 de março de 1345, alguns dias antes da Páscoa, Ysbrand Dommer, pressentindo que a sua vida chegava ao fim, mandou chamar o pároco da igreja de Oude Kerk para receber a Santa Eucaristia. Porém, assim que o doente recebeu a Comunhão vomitou tudo numa bacia e o vômito foi jogado na lareira acesa. No dia seguinte Ysbrand estava perfeitamente bem de saúde. Uma das empregadas que cuidavam dele, aproximou-se da lareira para atiçar o fogo e viu uma estranha luz com a Hóstia ao centro. A mulher começou a gritar e toda a vizinhança correu para ver o que tinha acontecido. Ysbrand recolheu a Hóstia, envolveu-a num lenço, colocou-a numa caixa e levou-a imediatamente ao pároco. Mas o Milagre continuou: o sacerdote teve que voltar na casa do doente três vezes para pegar a Hóstia, porque ela sempre regressava à casa de Ysbrand. Foi decidido então que a casa deveria ser transformada numa capela. No dia da Páscoa, todas as testemunhas do Milagre e o prefeito do povoado de Amstel redigiram um detalhado relatório dos acontecimentos que foi entregue ao Bispo de Utrech, Jan van Arkel, quem autorizou o culto do Milagre. No ano de 1452 a capela foi destruída num incêndio, mas o Ostensório que guardava a Sagrada Partícula ficou ileso. No ano de 1665 o Conselho da cidade autorizou o padre Jan van der Mey a transformar em capela uma das casas do ex‑convento das Beguinas. O Ostensório foi transferido para lá, mas pouco tempo depois foi roubado. Ainda hoje o Santíssimo é permanentemente exposto para homenagear o Milagre. Os únicos objetos que recordam esse Milagre Eucarístico são a caixinha que continha a Hóstia, os documentos que relatam o Milagre e algumas pinturas conservadas no Museu Histórico de Amsterdã. Todos os anos, na noite anterior ao Domingo de Ramos, em memória do Milagre se realiza uma silenciosa procissão (Stille Omgang).
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